Complexidade, Simbiose e o Conceito de Natural

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Nossa Busca

Na minha visão, o que realmente importa em nossas vidas é a busca por evolução. Física, mental e espiritual. Todas elas mudam nossa forma de pensar e modificam para melhor nossas vidas.

Mas na prática, isso significa primeiramente não ir contra a Natureza, certo? A natureza é quem dita as regras do jogo. E é a nossa inteligência e atenção às suas leis que nos fazem mais, ou menos felizes.

Um exemplo disso é que em alguns países, se não nos protegermos do frio, morremos congelados. Em outros precisamos de construções especiais com abrigos contra furacões ou barragens para contra inundações. E cada avanço que fazemos é no sentido de conseguirmos para nós e para os que amamos, mais segurança, saúde, conforto, prazer, e com isso felicidade.

Em cada aspecto da vida é assim, nascemos já com as regras do jogo valendo, e nós pouco a pouco vamos nos adaptando e entendendo esses mecanismos da natureza.  Sempre que tentamos enfrentá-la, nos colocamos em risco e sofremos. Se nos jogarmos de determinada altura é certo que vamos nos machucar e desde bem cedo aprendemos essas regras e moldando nossas ações.

O problema é que em muitos aspectos negligenciamos grande parte dessas leis e na maioria das vezes as ignoramos completamente. As ciências, pouco a pouco nos mostram aspectos novos que mudam paradigmas e toda nossa forma de enxergar e lidar com a vida, mas isso demora e requer vontade de aprender.

Então, como não ir contra essa natureza?

Através da informação e compreensão. Quando sentimos a informação e não só racionalizamos é que a incorporamos em nossas vidas. E por falta disso sofremos tanto com doenças, acidentes, terremotos, furacões, etc.

Já conseguimos entender como somos regidos por algo muito mais forte e inteligente do que nós. Que brigar contra essas leis é furada. E que acima de tudo, essa Força nos chama diariamente a compreendê-la, fazendo com que pouco a pouco desenvolvamos nosso intelecto, moralidade e sensibilidade.

E de que forma isso se relaciona com saúde, alimentação ou a qualquer outro assunto ligado a esse blog?

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Diversidade e Simbiose

Muitas vezes, na nossa busca por compreender a natureza, cometemos erros.

Apesar de nossos esforços, muitas vezes nos enganamos e concluímos errado, e com isso nos colocamos em risco. E quanto mais orgulhosos e arrogantes, maiores os riscos e as quedas. E por isso, quanto mais flexível uma pessoa, quanto mais humilde e determinada por nos conscientizarmos, maior nosso potencial de evoluir e entender essa Natureza maravilhosa que nos cerca.

O que acontece é que muitas vezes a visão do que é natural ou benéfico para nós é muitas vezes simplificada demais e mal interpretada. Muitas vezes essa cultura do que nos faz bem é criada por um marketing fortíssimo de empresas apenas compromissadas com seus ganhos econômicos ou de profissionais que ignoram uma visão mais holística da saúde e da vida. Mas nem sempre o problema está na indústria manipulando nossas mentes. Muitas vezes o problema está nos paradigmas que fomos absorvendo em nossas vidas .

Uma forma a principio mais naturalista de enxergar a vida, por mais bem intencionada que seja, é algo que pode nos levar a sérios problemas caso não tenhamos cuidado e interesse em entendermos mais sobre nós e sobre a vida.

Acreditamos muitas vezes que por uma substância ser natural ela é sempre saudável ao nosso organismo. Ouço pessoas falando que tal coisa é boa porque é natural. E esse pensamento por si só é um erro.

Mas o que estou querendo dizer? Que nem tudo que é natural na alimentação é bom? Sim, muitas vezes não é mesmo bom, mesmo sendo natural ou orgânico. Pelo menos para a nossa espécie. Ou pelo menos não da forma que pensamos.

Convivemos nesse planeta em um ecossistema extremamente complexo e variado. Rico e totalmente interdependente. Como o grande médico Eduardo Almeida diz, vida é simbiose!! Nada mais certo!

E com isso, nem tudo que existe serve diretamente a nós. Existem espécies de plantas que sequer catalogamos, mas que sem dúvida tem um papel fundamental em manter todo um equilíbrio que também ignoramos. Nada na natureza é desperdício ou supérfluo.

E com isso, buscar saúde, na minha visão, é buscar entender cada vez mais essa natureza. Entender a complexidade e simbiose da vida.

Isso, é principalmente importante no que diz respeito à nossa fisiologia. Entender nosso ambiente, nossa natureza e a natureza dos que convivem conosco.

Com isso, mesmo que sem saber de forma absoluta as “regras do jogo” ou todas as regras, manteremos nossos organismos aptos a conviverem em dinâmica harmoniosa com o ambiente e seres que nos cercam. E com isso manteremos a saúde e bem estar além de uma constante expansão de consciência que nos leva a compreensão desse todo.

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O que é Natural?

Existem evidências bem importantes de que a utilização de maconha com fins alucinógenos nos traz danos neurológicos, e nem por isso ela deixa de ser natural. 

Ainda assim nos é possível encontrar outras diversas formas de utilizar seus potenciais e qualidades, que são gigantescos. Sua utilização é incrível na produção de papel por exemplo, seu óleo tem propriedades nutricionais incríveis e essas são só algumas possíveis formas de nos beneficiarmos dela de uma forma condizente com nossa fisiologia.

O açúcar, vem da cana, é natural e é também um dos produtos mais danosos ao nosso organismo.

O capim é natural e saudável para grande parte dos herbívoros mas caso algum animal carnívoro ou nós próprios fossemos nos alimentar da mesma maneira adoeceríamos gravemente e morreríamos. Os leões, sem a carne adoecem rapidamente mesmo se comerem alimentos super densos em nutrientes que servem a outros animais. Seus aparelhos gástricos não possuem mecanismos de digerir tais alimentos corretamente.

Exemplos como esses são bastantes óbvios e lógicos, mas quando pegamos pontos mais sutis e complexos, as coisas começam a exigir mais do nosso conhecimento e inteligência.

Por exemplo, estamos tão acostumados a consumir alguns alimentos que nem sequer paramos para pensar se temos um aparato fisiológico condizente com seu consumo. Não paramos para pensar se a farinha e o açúcar, tão presentes em tudo que ingerimos em nosso dia-a-dia nos fazem bem ou pouco a pouco nos levam ao adoecimento crônico. Não vemos que cada substância manipulada pela indústria alimentícia utilizada como aditivos, flavorizantes e conservantes, não conseguimos processar. E com isso intoxicamos nosso organismo diariamente. O que é maravilhoso e ao mesmo tempo péssimo é que nosso corpo é bastante forte, e normalmente resiste por muito tempo sem reclamar muito. Caso passássemos extremamente mal após consumir algumas substâncias, sem dúvida as evitaríamos e com isso evitaríamos a maioria das doenças conhecidas crônicas degenerativas.

Com esses exemplos, começamos a ver que o que é bom ou ruim não é intrínseco a substância em si apenas, mas é totalmente ligado a dinâmica das relações entre tais substâncias, seres vivos e ambiente.

Muitos falam que algo é natural e portanto saudável. Isso é muito comum até mesmo em pessoas que estão na busca de mudanças e de um pensamento mais naturalista. E é comum pois é simples. Quanto mais simples o pensamento, mais nos apegamos a ele. E a vida é complexidade, diversidade.

O açúcar pode ser natural, mas seu consumo é provadamente danosa em nosso organismo.

Imaginamos, por exemplo, que juntar diversos vegetais e frutas, fazendo diariamente sucos extremamente concentrados e fibrosos deva ser o que há de melhor para nosso organismo. Mas infelizmente não é bem assim.

São muito úteis e importantes em alguns processos desintoxicantes, mas a maior parte da celulose, presente nesses vegetais crus, não é quebrada nem mesmo com processadores e com isso ingerimos grandes quantidades de fibras, substâncias que não digerimos no nosso sistema digestivo. E com isso podemos causar um grande estresse em nosso sistema digestivo, ao contrário de alimentos por muitos considerados pesados ou perigosos como carne vermelha ou as temidas gorduras saturadas. É claro que vegetais são fundamentais para nosso organismo, mas muitas nuances são ignoradas por nós muitas vezes por pensarmos apenas que ser natural é suficiente para ser bom.

Pensar que nosso corpo está preparado para digerir facilmente alimentos provenientes de outros seres (carnes, ovos, gorduras animais) e que outros alimentos cultivados e “limpos” como os vegetais, requerem um grande trabalho bio-digestivo das bactérias que temos, e que muitas vezes podem nos fazer mal, é algo bastante paradoxal quando olhamos superficialmente.

Nem sempre nossa intuição ou paradigmas culturais têm bases solidas e corretas e muitas vezes se baseiam em visões manipuladas, rasas e provenientes de fontes com interesses duvidosos.

O açúcar orgânico, é vendido em uma linda embalagem que nos remete a algo muito mais saudável do que o açúcar branco refinado. E no fundo não muda nada o impacto em nosso organismo. É metabolicamente danoso da mesma forma. E o mesmo acontece com o mascavo, light, etc. Mas nossa percepção é diferente, certo? Parece ser bem melhor.

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Adaptação

Como espécies, viemos de adaptações evolutivas que datam milhões de anos. Comíamos principalmente carnes e gorduras de animais que caçávamos e apenas alguns poucos vegetais e frutas que encontrávamos pelo caminho (nessa época não existia ainda a agricultura e o cultivo), e só há 10.000 anos começamos a consumir de forma mais ampla os vegetais.

Isso é muito pouco tempo (proporcionalmente aos anos adaptados à caça) e não tem muito impacto no desenvolvimento e modificação genética do nosso aparato biológico.

Isso explica o que antes era apenas um grande paradoxo para os, que como eu, preferiam evitar a morte de outros seres para obter preciosas substâncias que ainda necessitamos. Hoje, na minha visão, não estamos ainda adaptados ao vegetarianismo. Muito menos ao excesso de carboidratos que consumimos. E zero adaptados às porcarias dos produtos da indústria alimentícia.

Sabendo disso, precisamos olhar para nosso organismo. Ele muitas vezes nos dá sinais que ignoramos ou suprimimos.

Entender o que podemos consumir e o que sustenta nossa saúde é a base da nossa felicidade. Sem isso, invariavelmente adoecemos e sofremos.

Os desafios (de qualquer tipo) nos levam ao desenvolvimento do intelecto e moralidade mas precisamos dar chance dessas informações chegarem a nós. Precisamos de abertura de mente e flexibilidade para receber informações novas. E muito rigor para avaliá-las. E isso fazemos com interesse e seriedade, para poder seguir cada vez mais um caminho sensato e seguro.

Torcemos para o quanto antes estarmos adaptados a comer apenas o que a terra nos fornece, sem precisar usar da violência para obter substâncias ainda essenciais.

E enquanto ainda precisarmos viver dessa maneira, que pelo menos tenhamos o respeito com a vida, evitando os exageros, desperdícios e cuidando do bem estar desses animais que tanto nos servem, tratando assim, a vida um mínimo de respeito que ela deveria receber.

Por mais que possa parecer frustrante essa visão, basta analisarmos um pouco melhor e veremos a beleza da vida onde tudo se equilibra e se serve mutuamente.

Quanto mais buscarmos, mais entenderemos que tudo se encaixa e faz sentido, e pouco a pouco, se abrirá um panorama mais bonito do que jamais poderíamos imaginar, aumentando ainda mais nosso respeito e admiração por essa Inteligência que tão bem nos guia.

11 comentários sobre “Complexidade, Simbiose e o Conceito de Natural

  1. Ótimo texto, Rodrigo!
    Onde eu posso encontrar informação sobre os problemas de ingerir muitos sucos? Já li algumas coisas sobre isso, mas nada muito consistente. Inclusive reduzi drasticamente o que tomo, mas queria informações mais contundentes acerca da necessidade de o fazer.

    Gosto muito da clareza dos seus posts. Me ajudam muito! Parabéns!

    1. Oi Alice, tudo bem?
      Obrigado pelo comentário!!
      Você diz sucos de fruta, certo?
      Um grande nome atual a frente das pesquisas sobre a frutose e seus efeitos no nosso corpo chama-se Robert Lustig, um médico americano. Ele acabou de publicar um livro que chama-se “Fat Chance”. Já comprei mas ainda não comecei a ler.
      Assim que acabar, vou publicar mais informações sobre o assunto.
      um abraço!!

  2. Rodrigo, é notório os benefícios da não ingestão de açúcar e carboidratos, após 4 ou 5 meses com restrição dos mesmos, minhas tendinites que me incomodaram por muitos anos (e enriqueceram alguns fisioterapeutas, rsrsrs) simplesmente sumiram…..

    1. Sem dúvida, Marcos!
      Fico feliz de saber e já li bastante sobre isso. Sem falar que as gorduras desempenham um grande papel no que você está falando.
      E aos poucos podemos aumentar o consumo de bons carboidratos como batatas, inhames, aipim, etc, sem que isso nos prejudique.
      Grande abraço!

  3. Também reduzi signifcativamente o consumo de açúcar… Leite e sucos naturais sem açúcar já fazem parte da minha rotina normal.. por isso mesmo também me interesso pelo tema sobre malefícios da frutose.. sinceramente acho pouco plausível, mas vale a pesquisa! Sobretudo, muito mais do que comer bem é preciso estar bem consigo mesmo! Li o livro do Nuno Cobra – A Semente da Vitória.. e recomendo. Fala sobre alimentação, Sono e Atividade Física. Mudei meus hábitos e mesmo comendo seis vezes ao dia emagreci quase 8 Quilos em 3 meses. Chegando novamente no meu peso ideal para minha altura.

    1. Muito legal, Felipe!
      É isso mesmo. De nada adiante cuidar do corpo se a mente e o espirito vão mal.
      Sobre a frutose, creio que se surpreenderá depois que pesquisar mais a fundo. Claro que não é a frutose da ingestão de uma quantidade moderada de frutas que nos faz mal, mas das absurdas quantidades utilizadas pela indústria na produção de produtos industrializado e até mesmo (talvez seja surpreendente) nas concentrações encontradas em sucos naturais.
      Dr. Robert Lustig escreveu um livro interessante sobre o assunto e vale a leitura, mas se quiser encontrará muita coisa em artigos e estudos publicados em revistas médicas sobre o assunto.
      Um grande abraço!

  4. Ótimo texto! Parabéns! Você tem uma opinião formada sobre leite e derivados?? Já li em muitos lugares que eles aumentam a incidência dos casos de câncer de mama, de câncer de próstata, de osteoporose e de problemas no trato intestinal.

    1. Oi Christian, tudo bem?

      Então, os laticínios que consumimos hoje estão longe de serem o que eram há tempos atrás. O leite por exemplo, pasteurizado, homogenizado, em pó, desnatado acabam muito mais nos atrapalhando do que ajudando.

      Hoje muitas pesquisas mostram que o consumo de leite por exemplo deveria ser evitado. E estudos de grandes universidades e bem tradicionais como Harvard. (http://archpedi.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=1704826)
      Isso porém é muito mal recebido na nossa sociedade e cultura.

      Na minha opinião, pessoas com doenças crônicas deveriam muito evitar os laticínios.

      Para os que estão bem e apenas querem mudar os hábitos, eu recomendaria um consumo bem moderado e de alimentos de ótima procedência.

      abs,

  5. Oi, Rodrigo!

    Tudo bem comigo, e contigo, tudo certo?

    Agradeço pela resposta e pelo texto indicado. Muito obrigado. Ele vai na linha de tudo que eu li sobre o assunto. Só fico em dúvida num ponto: se o leite e/ou derivados fazem mal, por que consumi-los, mesmo que em pequenas quantidades? O motivo da minha pergunta é porque eu vi que você recomenda o consumo da manteiga.

    Abraços,
    Christian.

    P. S.: Não sou vegano nem patrulheiro ideológico; muito pelo contrário, apenas me interesso bastante pelo assunto dieta, por já ter passado por muitos problemas de saúde ao longo da minha vida, e prezar, por isso, por uma alimentação mais saudável e ainda ter dúvidas sobre o assunto, mesmo após de muitas leituras sobre o tema.

  6. Oi Christian! Tudo certo também comigo! 🙂
    Bom, minha opinião sobre isso é que assim como muitos estudos têm mostrado diversos pontos negativos, principalmente sobre o leite de vaca e no geral pasteurizado, existem muitas nuances nesse assunto.

    Weston A. Price acompanhou povos que tinham na sua dieta, ingestão de grandes quantidades do leite (claro que cru e de vacas criadas soltas, etc), mas de qualquer forma povos considerados muito saudáveis.

    São alimentos bastante densos nutricionalmente, cheios de vitaminas e minerais, além de serem gostosos e muitos, fermentados.

    Os iogurtes de leites crus podem ser maravilhosos para a saúde de quem gosta e nunca desenvolveu nenhuma intolerância alimentar a algum dos componentes.

    Por isso considero algo a ser pensado e individualizado.
    No geral, doentes crônicos já estão com sistemas importantes comprometidos, como o digestivo e imunológico e não os toleram muito bem. Alguns povos, como os orientais, costumam também ter problemas, alguns a níveis “informacionais”, que poderia gerar aqui um outro post interessante sobre o assunto.
    Por outro lado essas particularidades não fazem com que tenhamos uma boa referência para generalizarmos, entende meu ponto?
    Um grande abraço!

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